Ibson não se derrete por amor antigo e mira o Santos: ‘Nunca quis sair’

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Jogador garante que não pensou em retornar ao Flamengo, comenta 'baile do Barcelona' e fala sobre o estilo de vida brasileiro que teve na Rússia

Por Eduardo PeixotoRio de Janeiro
Manhã do dia 11 de fevereiro, sábado. Ibson recebe meia dúzia de ligações de amigos cariocas festejando o acerto com o Flamengo. Com um quê de espanto e um sorriso constrangido, ele garante a todos que a informação da troca por Alex Silva é inverídica e que seguiria normalmente seu caminho em busca do sucesso no Santos.
A notícia, espalhada por um ex-dirigente do departamento de futebol do Fla, provocou euforia entre os rubro-negros nas redes sociais. Festejaram o retorno virtual de um jogador com mais de 15 anos de Gávea. Mas Ibson, em momento algum, se posicionou favorável à saída da equipe paulista.
O carinho pelo Flamengo fica guardado na estante de recordações. Olha para o papel, vê os três anos e meio de contrato com o Santos e mira o status de imprescindível que ainda não conquistou.
Durante os pouco mais de 40 minutos de entrevista, Ibson apegou-se aos adjetivos positivos e não os largou. A vida no inverno russo foi classificada como “maravilhosa”, Neymar um “moleque sensacional” e a acachapante derrota por 4 a 0 para o Barcelona na final do Mundial virou uma “alegria”.
entrevistão de domingo Ibson (Foto: Montagem sobre foto da Ag. Estado)Flamengo, Spartak, Santos... Ibson em diversos momentos (Foto: Montagem sobre foto da Ag. Estado)
O volante, aos 28 anos, é assim. Desde o início da carreira, usa a mesma velocidade para fazer a ligação entre o meio-de-campo e o ataque para fugir de problemas extracampo. Confira a entrevista:
Como foi acordar e ler que você tinha sido trocado pelo Alex Silva? 
Olha, em momento algum fiquei preocupado achando que tivessem feito algo sem eu saber. Estava bem tranquilo porque tenho contrato com o Santos por quase quatro anos. Conversei com o diretor e ele me passou que não havia nada. No dia seguinte, tinha jogo (contra o Linense) e não me desconcentrei. Mantive a cabeça boa.
Em algum momento alguém do Flamengo o procurou? 
Não, ninguém falou comigo.
Tenho uma história no Flamengo, recebo muitas mensagens dos torcedores. Sei que sigo no coração deles por tudo o que fiz. Também tenho carinho e respeito enormes. Mas no momento não penso em voltar. "
Ibson, volante do Santos
Nem com o seu empresário (Eduardo Uram)? 
Não conversamos sobre isso. Tenho contrato e estou feliz. Em momento algum pensei em sair. Nunca quis sair. Recebi várias ligações de amigos, mas avisei que não sabia de nada, que não tinha nada. Acho que (a notícia) foi precipitada. Mas não me abalou.
Mas no Twitter você foi festejado pelos rubro-negros. Não balançou? 
Tenho uma história no Flamengo, recebo muitas mensagens dos torcedores. Sei que sigo no coração deles por tudo o que fiz. Também tenho um carinho e respeito enormes. Mas no momento não penso em voltar. Tenho contrato com uma grande equipe e quero cumprir. Depois disso, não posso responder. Falar do futuro é complicado.
Sete meses depois de chegar ao Santos, você ainda busca um espaço na equipe. A demora está ligada à readaptação ao futebol brasileiro? 
Sinceramente? Acho que não. Quando voltei fiz cinco jogos bons, mas tive uma lesão muscular na coxa esquerda que me atrapalhou bastante. Fiquei quase 50 dias sem jogar, voltei com uma fibrose no local e ainda sentia muita dor. Isso afetou meu rendimento. No fim do ano, consegui fazer bons jogos.
Ibson no desembarque no Rio de Janeiro (Foto: Fábio Leme / Globoesporte.com)Ibson na chegada ao Brasil para assinar com
o Santos (Foto: Fábio Leme / Globoesporte.com)
Ainda tem vontade de jogar na Europa? 
Pergunta difícil de responder, hein? Sei que tive duas experiências maravilhosas: uma em Portugal (no Porto) e outra na Rússia (no Spartak). Não me arrependi e se voltasse no tempo repetiria as experiências. Sempre quis jogar na Espanha, mas no momento não estou pensando nisso.

Percebe-se um movimento cada vez maior de jogadores voltando da Europa antes dos 30 anos. Por quê? 

Os clubes brasileiros estão bem estruturados. Os salários são parecidos ou até maiores do que os da Europa.
Por que decidiu voltar da Rússia? Foi o famoso incômodo com o frio?
Vivi dois anos incríveis na Rússia. O país é muito bom para morar, o Spartak é um clube espetacular. Tem frio? Tem no inverno, mas eles estão preparados e a vida segue normalmente. Não me atrapalhava. Eu jogava uma vez por semana e tinha bastante tempo para aproveitar a família (a esposa Cíntia e os filhos Ibson Junior e Alícia moraram com o volante em Moscou). Só que depois de algum tempo vários jogadores brasileiros saíram e vi que era a hora de voltar.
Como assim? 
Morávamos em um condomínio em que a língua oficial era o inglês. Vários brasileiros e argentinos viviam lado a lado. Era muito divertido. Quando o inverno terminava, fazíamos churrasco em uma mini-praia que havia no condomínio, jogávamos futevôlei... Tudo isso nos ajudava a aliviar a saudade da nossa terra. Mas o Alex, que era meu vizinho de porta, foi para o Corinthians, o Rodolfo voltou (para o Grêmio) e fui ficando mais triste. Quis voltar.
Foi quando apareceu a oferta do Santos? 
Isso. Quando soube me empolguei. O time era campeão da Libertadores e disputaria o Mundial. Mas isso não foi o mais importante. Importante foi saber que tinha uma ótima estrutura, um time forte.
E ainda tinha o Neymar... como o primeiro contato? 
O Neymar é um moleque sensacional, tranquilo, de cabeça boa. E um jogador fora de série. Não tenho nem palavras.
Nem palavras para descrever o cabelo dele?
Cabelo está bem, está bonito. (risos)
Você já arriscou um moicano nos tempos de Flamengo...
É, mas era um pouquinho diferente. Mais discreto. Agora não tenho mais idade.
Na última semana relataram um ríspido bate-boca entre você e o Muricy Ramalho durante o jogo contra o Comercial. Como é a relação com ele?
Não houve bate-boca, foi uma coisa de jogo. Ele falou, não escutei, não interpretei da maneira que ele queria. No calor do jogo, você acaba falando mais alto. Mas nada que atrapalhe. O relacionamento é bom, ele é um grande treinador e demonstrou isso nos últimos anos.
Qual foi a reação após a goleada por 4 a 0 para o Barcelona na final do Mundial? 
Sabíamos que seria uma coisa difícil. Mas foi uma alegria por terminar o ano como a segunda melhor equipe do mundo. Voltamos de cabeça erguida. Eles estão há cinco anos juntos. Nunca tinha visto nada igual ao Barcelona. Eles não jogam com atacante fixo e têm um toque de bola espetacular. Impressionou bastante vê-los em campo.
Voltando ao passado... em 2008, o Flamengo perdeu por 3 a 0 para o América-MEX, foi eliminado em casa e surgiu a história de que os jogadores fizeram um pagode com álcool na concentração horas antes do jogo...
Depois de uma derrota adoram inventar coisas que não aconteceram para justificar os fracassos. Não aconteceu nada de anormal na concentração. Aquele jogo é um grande mistério. Eles foram três vezes ao ataque e marcaram três vezes. Ninguém nunca vai conseguir explicar. Nem eu... (risos)
Ibson, do Santos (Foto: Ivan Storti/Divulgação Santos FC)Ibson durante treino do Santos
(Foto: Ivan Storti/Divulgação Santos FC)
Esses boatos o incomodam? 
Plantam muitas notícias. Qualquer pessoa que tem um celular pode tirar uma foto comigo e dizer que fiz isso ou aquilo. É complicado. Passei a nem ler mais jornal para não me aborrecer.

O Bruno era capitão daquele time do Flamengo e vocês tinham um bom relacionamento. Como foi receber a notícia da prisão dele pelo desaparecimento da ex-namorada Eliza Samudio? 

Eu estava na Rússia naquela época e até hoje não acredito nisso. Convivi com o Bruno dois anos e acredito que ele não fez nada. O Bruno, apesar do temperamento forte, não seria capaz de uma crueldade dessas.

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